O código genético é frequentemente referido como um “projeto”, pois contém as instruções que uma célula necessita para se sustentar. Essas instruções armazenadas no DNA são “lidas” em duas etapas: transcrição e tradução. Na transcrição, o molde de cadeia dupla do DNA dá origem a uma molécula de RNA de cadeia simples. Em alguns casos, a própria molécula de RNA é um produto final destinado a alguma outra função importante no interior da célula. No entanto, muitas vezes a transcrição de uma molécula de RNA é seguida por um passo de tradução, que resulta na produção de uma molécula de proteína.
O DNA é constituído por duas fitas, mas apenas uma servirá como molde para a transcrição. A fita molde é chamada de cadeia não codificante, enquanto que a outra é referida como cadeia de codificação, pois a sua sequência será a mesma que a da nova molécula de RNA.
O Processo de Transcrição
O processo de transcrição inicia-se quando uma enzima chamada RNA polimerase atribui à cadeia de DNA molde e começa a catalisar a produção de RNA complementar. As polimerases são enzimas grandes compostas de cerca de uma dúzia de subunidades e são responsáveis também pela sinalização do gene a ser transcrito.
Há três tipos diferentes de RNA polimerases existentes na célula eucariótica.
Figura 1: Tipos de RNAs polimerases.
Início da Transcrição
O primeiro passo na iniciação da transcrição é a formação de um segmento desenrolado de DNA, dando um filamento de DNA que está livre para funcionar como molde para a síntese de um filamento complementar de RNA.
A formação desse segmento desenrolado de DNA envolve a interação de vários fatores de transcrição com sequências específicas no promotor para a unidade de transcrição.
Essas sequências específicas controlam a ativação de genes por ser ligar às proteínas ativadoras e alterando a estrutura 3-D do DNA para ajudar a atrair RNA polimerase II, assim, regular a transcrição.
Promotores reconhecidos pela RNA polimerase II:
- TATA box: é o primeiro elemento conservado mais próximo do sítio de transcrição. Sua sequência é TATAAAA na posição – 30. O mesmo determina a localização do local de início da transcrição.
- CAAT box: é o segundo elemento conservado. Sua sequência é GGCCAATCT na posição –80.
Cada Fator de transcrição que ajuda a RNA polimerase II para o início da transcrição é chamado TFIIX (X é a letra que identifica o fator individual):
- TFIID – reconhece o TATA box e assegura que o local de início correto seja usado;
- TFIIA e TFIIB; TFIIF se liga à RNA polimerase II e depois ao complexo de iniciação – e promove desenrolamento do DNA;
- TFIIE se junta ao complexo de iniciação ligando-se ao DNA e em seguida ao ponto de iniciação da transcrição;
- TFIIH e TFIIJ se juntam ao complexo após TFIIE.
Alongamento da cadeia de RNA
No início do alongamento da cadeia ocorre a adição da 7-metil guanosina (7-MG), acionado quando cerca de 30 nucleotídeos já foram transcritos. Os 7-MG possuem a função de proteger as cadeias nascentes de RNA da degradação por exonucleases e facilitar o transporte e o splicing.
Durante o processo, o pareamento dos nucleotídeos de RNA na cadeia de DNA segue um padrão determinado. Os nucleotídeos encontrados no DNA diferenciam-se dos encontrados no RNA pelo fato de que, no RNA, o açúcar é a ribose e a base nitrogenada é a uracila (U) em vez da timina (T).
Figura 2: RNA polimerase II adiciona ribonuclotídeos à fita de RNAm que está em formação, no sentido 5´- 3´ (Fonte: http://files.geneticavirtual.webnode.com.br/200000211- a5641a65dc/transc%20(11).JPG).
Término da Transcrição
A terminação da transcrição ocorre através de diferentes processos, dependendo da polimerase usada.
A transcrição de genes polimerases II pode continuar por centenas ou mesmo milhares de nucleotídeos para além do fim de uma sequência não codificante. A cadeia de RNA é então clivada por um complexo que parece associar-se com a polimerase. A clivagem parece ser acoplada à terminação da transcrição e ocorre a uma sequência de consenso. MRNAs de pol II estão poliadenilados na extremidade 3 ', resultando em um (A) da cauda poli, que possui a função de proteger o RNA de degradação por nucleases e dar estabilidade.
Splicing - Processo de remoção dos íntrons (regiões não codificadoras) e união dos éxons (regiões codificadoras), tornando o RNAm maduro (funcional). Tal processo é ativado pela RNA polimerase.
O splicing se inicia com o ataque do grupo OH ligado ao carbono 2 de uma base do íntron ao grupo fosfato da base na extremidade 5´do íntron. Tal ataque libera a extremidade 3´do éxon adjacente e forma uma estrutura em forma de laço.
O grupo OH livre do éxon adjacente, por sua vez, atacará o grupo fosfato da primeira base do éxon seguinte liberando assim o íntron.
O splicing é realizado por snRNPs, que são pequenas ribonucleoproteínas nucleares, os spliceossomos. Estes são capazes de unir éxons distantes, reconhecendo junções. São estimulados pela RNA polimerase.
Figura 3: Etapas do splicing (Fonte: http://www2.bioqmed.ufrj.br/prosdocimi/RNA/images/SPLICING.gif).
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